quarta-feira, 8 de agosto de 2012

RESENHA: O Fator Humano

“Ninguém sabia a que regimento ele pertencera anteriormente, se tal regimento de fato existia. Afinal, naquele prédio, todos os títulos militares eram um pouco suspeitos. Os postos podiam simplesmente ser parte do disfarce universal.” (GREENE, 2006, p.10)

O que eu mais gosto nos meus longos passeios pelo sebo é me deparar com livros e autores dos quais quase não se ouve falar mais ou que eu, pelo menos, desconheço. Foi em uma dessas ocasiões que me deparei com “O Fator Humano” de Graham Greene, um livro de espionagem diferente de qualquer outro que eu já havia lido do gênero.

Maurice Castle é um agente da inteligência inglesa que trabalha em uma pequena divisão do Foreign Office (departamento do governo encarregado das relações exteriores) juntamente com seu amigo Davis, ambos supervisionados por Watson. Eles são os únicos funcionários do departamento que passa por uma investigação, a partir da suspeita de um vazamento de informações. Fora do escritório, Castle vive um feliz casamento com Sarah e seu filho, que ele cria como sendo dele.

Eu digo que “O Fator Humano” é um livro de espionagem diferente dos outros, como por exemplo “O Buraco da Agulha” de Ken Follet - cuja resenha publiquei há algum tempo – porque é um livro desprovido da ação característica do gênero. Mas isso não quer dizer que o livro é ruim, e sim que é apenas mais lento do que eu esperava. Diferente dos outros, esse é um livro de espionagem que foca mais no lado psicológico dos personagens - aliás, um aspecto bem desenvolvido pelo autor – do que em suas ações. Reações inesperadas, decisões moralmente condenáveis, dúvidas e arrependimentos recheiam as páginas do livro que não se faz só do mundo da espionagem. O amor entre Castle e Sarah recebe um grande destaque e vem a ser uma parte importantíssima da trama. Eu diria que esse é um romance quase tanto quanto é um livro de espionagem. É uma história de amor inserida em um mundo repleto de segredos e desconfianças. Um mundo onde todas as palavras e atitudes devem ser medidas, pois estão passiveis de análise e investigação. Um mundo que torna difícil a sobrevivência de relações afetivas verdadeiras, como a de Castle e Sarah e que exige dos que tentam viver esse sentimento decisões difíceis, quase impossíveis, e para as quais muitas vezes não há volta ou rota de fuga.

“O Fator Humano” é um bom livro, mas não espere dele muitas emoções. A história é interessante e os personagens são – se me permitem o trocadilho – bastante humanos, repletos de novas facetas que surgem ao folhear de cada página, mas não é um livro para ser devorado ou que mexe profundamente com o leitor, pelo menos não comigo. É a história de personagens verdadeiros, que tentam ser felizes e fazer o certo em um mundo em que tudo é relativo e por vezes até irrelevante.

Título: O Fator Humano
Autor: Graham Greene
Nº de páginas: 314
Editora: L&PM

5 comentários:

Lú Miranda disse...

É verdade, eu li este pequeno livro. RS
Ele foi legal, uma boa leitura, mas foi tipo uma sessão da tarde;

Nardonio disse...

Eu sou fanático por livros de investigação, mistério, espionagem e por aí vai. Como você disse, a maioria dos livros desse gênero são mais dinâmicos, e acho que estranharia um pouco por ele ser um pouco mais lento. De qualquer maneira, esses livros tem o dom de me hipnotizarem.

Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom

Elson Miguel (Piro) disse...

O livro não tem fim

Elson Miguel (Piro) disse...

O livro não tem fim

Elson Miguel (Piro) disse...

O livro não tem fim

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