segunda-feira, 20 de novembro de 2017

RESENHA: Assassinato no Expresso Oriente

Assassinato no Expresso Oriente / Agatha Christie / Hercule Poirot
Hercule Poirot planejava tirar uns dias de férias quando recebe um chamado para voltar com urgência a Londres. O detetive embarca às pressas no Expresso Oriente, mas sua viagem é interrompida devido a uma nevasca que impede a passagem do trem. No dia seguinte, um dos seus colegas de viagem é encontrado morto, apunhalado 12 vezes.

Um caso do sempre ótimo Hercule Poirot, “Assassinato no Expresso Oriente” é um dos livros mais famosos da extensa (e recheada de grandes sucessos) obra de Agatha Christie. Isso se deve ao desfecho, absolutamente inusitado, considerado um dos mais surpreendentes propostos pela autora. E não é para menos. Ao criar a trama desse livro, Agatha deve ter pensado: “O que eu ainda não fiz? Já sei! Um caso em que o assassino…..”. Até Raymond Chandler disse (embora seu comentário passe bem longe de parecer um elogio) que nenhum leitor em sã consciência desvendaria o mistério porque a resposta não passaria pela cabeça de ninguém.

A trama se divide em três partes: na primeira, conhecemos rapidamente os personagens e os vemos em situações que antecedem o crime; na segunda, Poirot conduz os interrogatórios; e na terceira, é chegado o momento em que o detetive, tendo em mãos todas as informações, coloca suas células cinzentas para trabalhar e encontrar a resposta.

Ninguém desenvolve a premissa “um grupo de pessoas confinadas em um mesmo lugar, todas sendo suspeitas de um crime” melhor do que Agatha Christie. Nesse caso, todos estão presos no trem e Poirot não pode ao menos confirmar as informações que recebe, tendo que confiar estritamente no seu discernimento e na palavra daqueles desconhecidos.

“O impossível não pode ter acontecido, assim sendo o impossível deve ser possível apesar das aparências." (CHRISTIE, p. 213 – edição britânica) Tradução livre

Por contar com um elenco grande de personagens, o ritmo acaba se tornando um pouco mais lento já que boa parte do desenvolvimento da história consiste nas entrevistas que o detetive faz (o passageiro chega, é entrevistado, o passageiro sai, entra outro e assim por diante), mas Agatha consegue manter o interesse do leitor.

Além do desfecho, outra coisa inusitada em “O Assassinato no Expresso Oriente” é a posição que Poirot se encontra ao desvendar o crime. Pela primeira vez o detetive se pergunta o que fazer diante da verdade e se deve, ou não, deixar que o criminoso fique impune. A decisão, de um jeito ou de outro, lhe parecerá errada.

Eu já havia lido “O Assassinato no Expresso Oriente” há muitos anos e dessa vez aproveitei a oportunidade para reler em inglês. Foi a primeira vez que li um texto de Agatha Christie no original e embora ler em outro idioma seja sempre um processo mais lento, ainda é possível encontrar nele a fluidez que costumamos encontrar no texto traduzido.

Além de ser um ótimo entretenimento, fica de “O Assassinato no Expresso Oriente” a satisfação de constatar, mais uma vez, que uma autora que conta com uma obra que ultrapassa os 80 livros, consegue sim ser muito original.

“Quanto a mim, eu suspeito de todo mundo até o último minuto.” (CHRISTIE, p. 78 – edição britânica) Tradução livre

Em 1974, o livro ganhou uma adaptação cinematográfica considerada a mais bem sucedida adaptação de uma obra de Agatha Christie. No elenco, nomes como Lauren Bacall, Jacqueline Bisset, Sean Connery, Anthony Perkins, Vanessa Redgrave, Ingrid Bergman e Albert Finney (os dois últimos vencedores do Oscar na categoria melhor atriz coadjuvante e melhor ator, respectivamente, por suas atuações no longa). Assisti o filme há alguns anos, mas não tenho condiçõess de comentar sua fidelidade à obra original já que assisti muito após minha primeira leitura e muito antes da segunda.

Na TV, a série "Agatha Christie's Poirot" (que traz o nada menos que perfeito David Suchet no papel do detetive Belga) também apresentou sua versão do livro. E se nunca comentei aqui antes, comento agora: o adjetivo perfeito não é um exagero para Suchet. Não só o ator adota os trajeitos, a maneira afetada falar, de andar, as obsessões de Poirot em cada gesto, como parece ter saído fisicamente da mente da Dama do Crime. Com exceção dos olhos verdes, é incrível que até a cabeça em formato de ovo Suchet tenha. Aliás, fica a dica: “Agatha Christie’s Poirot” é um pouco difícil de encontrar, mas vale a pena conferir (em especial a partir da quarta temporada quando os episódios passam a ser como filmes de 90 minutos de duração, cada um apresentando um livro). Todos os casos de Poirot foram contemplados pela série.

Em 2017, Kenneth Branagh assume a direção e o papel de Hercule Poirot, com direito a um bigode indescritível e a companhia de um elenco de peso que conta com Johnny Depp, Judi Dench, Michele Pfeiffer, Penélope Cruz e Williem Dafoe. O filme chega aos cinemas no final de novembro.

Título: Assassinato no Expresso Oriente
Autora: Agatha Christie
N de páginas: 248
Editora: L&PM

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12 comentários:

Sil disse...

Olá, Mari.
Esse é meu livro favorito de toda a vida. Já li mais de dez vezes e mesmo já sabendo o final não deixo de me surpreender com a genialidade da autora. Foi nesse livro que me apaixonei pelo Poirot. E não sei não sobre esse novo filme porque na minha cabeça o ator não tem nada a ver com ele hehe.

Prefácio

Jessica Andrade disse...

Oi Mari,

Ainda não li nada da autora, mas se for para começar a ler algo dela seria esse livro. Não sei porque mas ele me chamou mais atenção do que os outros.
Está na minha lista de leitura, só preciso arrumar um tempinho.

Bjs
http://diarioelivros.blogspot.com.br

Na Nossa Estante disse...

Oi Mari, eu não li todos os livros da autora, mas li alguns e ela nunca me decepciona. O que mais me chama atenção em O assassinato no expresso do oriente foi a forma como Agatha consegue nos enganar bem até o final, confesso que não espera pelo fim que ela optou! Espero que o filme que sai agora na próxima semana seja uma boa adaptação.

Bjs, Mi
O que tem na nossa estante

Tamires Marins disse...

Oi, Mari

Eu não vou cometer a sandice de falar que este livro é ruim, mas que ele foi uma das minhas piores leituras, isso ele foi!
Eu senti apenas tédio ao lê-lo e achei o final tão preguiçoso... é realmente inusitado, mas quando o mistério finalmente se revelou eu fiquei meio "really"?!
Que bom que sua segunda experiência com a trama foi tão prazerosa... já eu peguei trauma e nem tenho mais vontade de ler nada da autora! :(

Beijo
- Tami
http://www.meuepilogo.com

Unknown disse...

Acredito que eu tenha lido somente dois livros desta autora e eu amei. O EXPRESSO mesmo eu li a muito tempo, mas confesso que já está na hora de reler, pois lembro de poucas coisas, nem do final eu não lembro rsrs.

Quero comprar mais livros dela futuramente, pois quando eu li era emprestado.

RUDYNALVA disse...

Mari!
Também li esse e outros livros da autora ainda na adolescência e se passaram mais de 35 anos, agora estou fazendo a releitura deles e este está entre eles, espero poder apreciar uma vez mais a maneira genial que a autora desenvolve seus enredos e a forma como elucida os crimes.
Desejo um ótimo final de semana!
“ Lança o saber e não terás tristeza.” (Lao-Tsé)
cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA novembro 3 livros, 3 ganhadores, participem!

Marta Izabel disse...

Oi, Mari!!
Estou bem curiosa para assistir esse nova adaptação desse livro. Gostei muito da estória e vou procurar ler esse livro também!!
Bjoss

Amanda Barreiro disse...

Olá! Nunca li nenhum livro da Agatha Christie (shame on me) mas com certeza pretendo por essa leitura em dia. E por incrível que pareça eu assisti essa série, porém faz muuuuitos anos e não assistia regularmente, só um episódio aqui e ali e não me lembro bem, mas gostava. Pretendo conferir esse livro antes de ver a nova adaptação, está na lista!
Beijos.

Raissa Malvezi disse...

Olá!
Terminei de ler hoje e só posso dizer que eu AMEI!
Foi meu primeiro contato com a autora e achei fantástico! Não vejo a hora de ver o filme e poder ler outros títulos da autora.
Adorei a resenha, beijos!

Books & Impressions
Sorteio de Natal

Carolina Santos disse...

Rainha feat. Soberana da porra toda. Sou completamente apaixonada pelas obras da rainha suprema e só falta ler Uma Morte no Nilo pra eu terminar minhas leituras dela.

Ana I. J. Mercury disse...

Resenha maravilhosa como sempre, Mari!
Mas, confesso, não curti muito Assassinato no expresso do Oriente não.
Até reli ele mês passado também, mas achei razoável, rsrsrs
O final sim, foi muito bom!
Meu preferido continua sendo O Natal de Poirot!
bjss

Gabriela CZ disse...

Ler Agatha Christie é um débito que tenho comigo mesma, Mari. Esse é um dos livros que mais me deixam curiosa, e seus comentários me instigaram ainda mais. Preciso ler, e assistir as adaptações. Ótima resenha.

Beijos!

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